Apanhou a garrafa de vinho que havia comprado na última viagem que fizeram e abriu, um tanto por birra, outro tanto por sentir que deveria comemorar essa mudança. A partir de agora a vida teria mais sentido e mais cor, fechava os olhos e sorria docemente ao imaginar as noites em que passaria longe dali. Era quase uma alforria de sua alma que reclamava tanto por mais liberdade, chegou a pensar por um momento que Paulo não a impedia que fizesse o que queria, mas a obrigação vinha dela, sentia que tinha mil deveres e isso sim já tinha se tornado inaceitável pra todo o desprendimento.
Esperou o resto da noite e acabou por pegar no sono já com malas feitas, acontece que Paulo não voltou aquela noite. Cecília sentiu um certo alívio momentâneo ao ver que a casa estava vazia, pois bebeu além da conta e deixou a taça tombar no tapete da sala; perdeu a manhã tirando a mancha e novamente se postou a esperar, e esperou. Paulo nunca voltou.
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