quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Inimigo declarado




O tempo passa na batida do meu silêncio
A cada vez que eu dou as mãos
A cada vez que eu as solto
Eu não me abalo pelo tempo, mesmo sendo impetuoso
Mesmo sendo desonesto
Eu assisto a confusão que me causa
Me leva e me traz, sem constância
Não, ele não me abala
Mesmo me atordoando com seus tantos nomes
Nomes esses que se repetem, que me confundem, que se perdem
Trago ainda na boca vazia um último beijo roubado
Ah, esses amores não matam, não engordam
Perduram numa última esperança de que se refaçam
Até que uma maré traga outro e tudo se renova, e se repete
Parece até um longo dia
Sol nascendo e se pondo
E mesmo na noite escura, mesmo com chuva eu estou lá
Pedindo ainda pra que me ouçam, que me vejam
Tudo isso torna o tempo apenas um medidor
Algo que se arrasta, mas não modifica
Dá o mínimo de alívio pra dor
Traz um conforto qualquer pra todo mal
Anestesia, adormece
Faz qualquer momento virar história
Faz qualquer pessoa virar saudade
Mas definitivamente não mata
Tudo que eu vejo, a vida, as pessoas
Tudo, tudo é escravo do medo de um tempo que só existe como barreiras
Até que venha algo melhor pra que ele enfim se aposente
E que seja respeitosamente substituído
Talvez tenhamos que esperar pelos tais escafandristas
Que encontrarão o amor que eu escondi no tic tac de um relógio

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