quinta-feira, 29 de julho de 2010

Cada Degrau

"Eu sei do futuro
Porque ele se repete
Te repete
Me repete"


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Os degraus que nos separavam ontem, talvez tivessem se lembrado dos nossos passos apressados de tempos atrás, é, talvez eles tivessem se lembrado se não fosse o barulho de outras vozes repetindo as palavras que já não são nossas.

Já fazia tanto tempo que o coração batia calmo desde que a vida se encarregara de levar cada um de nós a caminhos opostos, que a lembrança mais viva dividida era de uma foto com céu cinza.

Quando ele desceu nossa escada eterna me achou entre toda aquela gente sem nem mesmo me procurar, com a tranquilidade de quem sempre me esperou, veio lamentando uma saudade. Eu havia até me esquecido de todas as pintas do rosto dele e de como eram cor-de-rosa suas mentiras, cheguei a me esquecer até de como falava manso pra me deixar zonza. Assim, substituindo tão de repente a angústia pela presença, me senti trocar de pernas e já nem saber mais andar.

Sorte essa a minha, essencialmente edificada pelo silêncio, que me pega pela mão, que me toma os braços, que pousa a testa na maçã do meu rosto. Que nunca me deixa ler se há amor.

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